Vazio Existencial e Violência: Compreendendo a Permanência de Mulheres em Relacionamentos Abusivos.

Autores

  • Uilson da Silva Junior Uniitalo Autor
  • Reginaldo Baptista Ferreira Uniitalo Autor

DOI:

https://doi.org/10.7435/9699j836

Resumo

RESUMO

A permanência em relacionamentos violentos constitui um dos maiores desafios para a proteção das mulheres no Brasil. Este estudo buscou compreender os fatores psicológicos, socioeconômicos e existenciais que explicam essa permanência, articulando dados reais e a perspectiva da Logoterapia de Viktor Frankl. Foi realizado um estudo transversal, descritivo e analítico, a partir do protocolo de acolhimento da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher (6ª DDM), localizada no bairro de Santo Amaro, na zona sul da cidade de São Paulo, com amostra de 50 mulheres atendidas entre fevereiro e junho de 2025. Os resultados evidenciaram que a maior parte das mulheres convivia com a violência por anos, frequentemente em relações com parceiros íntimos, sem ter buscado ajuda anterior. O isolamento social, a dependência econômica, a presença dos filhos e o medo de retaliação emergiram como barreiras centrais para a ruptura. Sob a lente da Logoterapia, observou-se que a manipulação psicológica e a perda da “vontade de sentido” favorecem a instalação de um vazio existencial que aprisiona a mulher em uma “prisão sem grades”. Conclui-se que intervenções eficazes devem ir além da proteção legal, incluindo estratégias psicossociais e existenciais que fortaleçam a autonomia e o resgate de sentido das vítimas. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas integradas e protocolos de acolhimento que considerem o tempo de exposição à violência como um marcador de risco.

 

ABSTRACT

The persistence in violent relationships constitutes one of the greatest challenges for the protection of women in Brazil. This study aimed to understand the psychological, socioeconomic, and existential factors that explain such persistence, articulating real-world data with the perspective of Viktor Frankl’s Logotherapy. A cross-sectional, descriptive, and analytical study was conducted based on the reception protocol of the 6th Women’s Defense Police Station, located in the Santo Amaro neighborhood in the southern zone of São Paulo city, with a sample of 50 women assisted between February and June 2025. The results showed that most women had been living with violence for years, often in relationships with intimate partners, without having previously sought help. Social isolation, economic dependence, the presence of children, and fear of retaliation emerged as central barriers to leaving the abusive relationship. From the perspective of Logotherapy, it was observed that psychological manipulation and the loss of the “will to meaning” foster the development of an existential void that imprisons women in a “prison without bars.” It is concluded that effective interventions must go beyond legal protection, including psychosocial and existential strategies that strengthen autonomy and the restoration of meaning in victims’ lives. The findings reinforce the need for integrated public policies and reception protocols that consider the duration of exposure to violence as a risk marker.

Downloads

Publicado

24.12.2025

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 3 4 5 6 > >>